A comemoração do dia do professor nesta semana fez meu pensamento tornar para uma questão que me é muito cara, a educação.
Para todos os problemas fundamentais que envolvem a humanidade, a educação é a resposta e me espanta quão pouco empenho dedicamos a ela. O problema é a miséria e a imobilidade social? A educação permite a transformação, exemplos não nos faltam, mas precisamos mesmo é que seja uma regra e não exceção. O problema é a contaminação ambiental? Temos na educação, através das diversas áreas da ciência, soluções para a redução de resíduos, redução de emissão de poluentes, redução de uso de agrotóxicos e substituição de metodologias ultrapassadas por outras melhores. Conhecimento se tem e se terá mais ainda.
Quando a questão é saúde, é na educação, em todo seu espectro, desde iniciativas tão simples como higiene – e bem se tem comprovado isso nestes tempos de pandemia pelo COVID - até a pesquisa de medicamentos, técnicas cirúrgicas e equipamentos sofisticados que tornam possível a cura ou o adequado controle de enfermidades graves. No campo do comportamento e da justiça social, temos a educação contra a discriminação, seja de que forma se apresente, e também contra o abuso. No campo penal, a educação é a única forma de viabilizar a reinserção do indivíduo na sociedade, para que se torne um cidadão de bem e traga também a sua contribuição para o todo.
Tudo o que mencionei acima pode parecer redundante e óbvio. Então, por que os indicadores de qualidade de ensino não decolam? Responsabilizamos, com acerto, governos, órgãos administrativos e fiscalizadores. Mas será que o cidadão comum não pode colaborar nessa demanda, que afinal impacta diretamente na vida em sociedade, na vida de cada um? A pergunta é, e aqui me incluo, o que eu faço pela educação? E para responder vale qualquer ação, mesmo que ela pareça insignificante, não é. Vale desde a escolha parlamentar de pessoas comprometidas com essa causa (oportuno falar, já que estamos às vésperas de eleições), dar suporte a alguma causa, associação ou iniciativa que melhore a qualidade de ensino oferecida em todos os níveis, valorizar os professores, fortalecer vínculos com a escola, do infantil ao superior, eleger e tutelar um aluno ou coletividade... Gosto de imaginar o resultado dessas pequenas ações multiplicadas aos milhares e milhões.
Só não vale falar que a questão é financeira, apenas. Uma iniciativa que tive conhecimento, agora em tempos de quarentena, serve como inspiração. Um aluno da escola de engenharia da Universidade de São Paulo, ele mesmo morador da periferia da capital paulista e ciente das dificuldades e falhas da escola pública, ofereceu reforço escolar para crianças do ensino fundamental da sua comunidade. Tudo on line. A demanda era grande para dar conta sozinho e ele convidou colegas para colaborar com aulas e também fazer mentoria com os mais jovens. Os resultados são surpreendentes e não se fizeram esperar, apesar das dificuldades, como quando a internet pré-paga que a criança usava terminava antes das lições – realçando a importância da inclusão digital -, porém os pais, motivados pela iniciativa, fizeram um esforço ainda maior e garantiram o encontro virtual entre seu filho e os professores voluntários. Simples e eficiente, uma satisfação para quem ensina e um grande aproveitamento para quem aprende. E precisou, basicamente, de vontade. De estar disponível e disposto a colaborar.
Acredito, de verdade, no grande avanço da educação quando nos conscientizarmos de que é, sem dúvida, um direito de todos. Mas não somente. É também um dever de todos. Não vamos avançar se continuarmos terceirizando essa responsabilidade.
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