Essa semana li o livro Em Busca de Sentido - de Victor Frankl -, obra curta, passa um pouco de 100 páginas, publicado pela primeira vez em 1946, com dezenas de reimpressões e tradução em dezenove idiomas.
O autor conta em primeira pessoa a sua experiência como prisioneiro num campo de concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Psiquiatra, essa experiência o levou a perceber a importância de entender ou atribuir um sentido ao que se está vivenciando. A partir das suas observações ele fundou a Logoterapia, considerada a Terceira Escola Vienense de Psicoterapia (as outras duas são a de Freud e a de Adler). O relato de Victor é sucinto, claro e até leve, considerando a difícil situação que expõe, descreve o estritamente necessário para o leitor entender suas conclusões e como ele chegou até elas. Não posso opinar sobre método psicoterapêutico de Frankl, mas confesso que muitos pontos do relato me fizeram refletir.
Uma frase que Victor Frankl cita é a de Nietzsche "quem tem por que viver pode suportar quase qualquer como", e tal sentença resume bastante bem o ponto que ele deseja mostrar: o motivo pelo qual somo capazes de suportar quase qualquer coisa e que se constitui num divisor entre os que prosseguem na luta e os que entregam os pontos. E esse “motivo” precisa estar imbuído de um sentido mais profundo. Um exemplo dado é o sujeito que tudo suporta para sobreviver e reencontrar entes queridos após a libertação, outros que desejam concluir um trabalho inacabado, uma tese acadêmica, por exemplo. E aí nem é tão difícil de entender, porém, ele cita igualmente aquele que já se viu desprovido de absolutamente tudo e ainda assim sustenta uma atitude positiva, distribui palavras de alento, insufla coragem e otimismo. O que o motiva? Que sentido ele encontra para querer continuar? Para Frankl é impossível privar o ser humano da liberdade de escolher a sua atitude diante da vida e assim, mesmo diante do sofrimento mais atroz, fazer da experiência uma conquista interior, manter-se íntegro naquilo que se é e naquilo que se acredita, um crescimento interno que dá, mesmo no último minuto de sua vida, uma abundância de possibilidades de dar sentido à existência.
Diante do que li é impossível não ponderar sobre “meus sentidos” pessoais. Por que faço o que faço? Mesmo as atividades simples do cotidiano? Isso ajuda a deixar mais claro que esforço devo manter e o que devo redirecionar, deixando ir aquilo que não tem (ou não tem mais) sentido para mim, permanecendo apenas o que tem significado. No Curso de Formação em Yoga tive uma aula com um monge hindu falando sobre o clássico livro indiano Bhagavad Gita. Recordo que ele, entre tantos ensinamentos profundos sobre o texto, fez uma sugestão singela, poética eu diria, e bela. Ele sugeriu que nós “sacralizássemos todas as nossas ações”. E o que é sacralizar senão atribuir significado, sentido, a tudo? Fica a sugestão, do monge ou do psiquiatra, perscrutar a vida em busca de sentido.
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